De acordo com a conhecida noção de teatro performativo, cunhada por Josette Féral, em 2008, as ideias de ação e presença são forças básicas do que se entende como cena contemporânea, sendo necessário que os elementos que a compõem estejam impregnados de uma boa dose de performatividade. Performatividade/teatralidade, fenomenologia/semiologia, afeto/presença podem, assim, ser pensados como os grandes eixos teóricos deste livro, binômios que são ora confrontados como opostos, para sua própria afirmação conceitual, ora como campo complementar para açambarcar a diversidade de pontos de vista que a atualidade produziu como expressão artística de modo geral. Vale destacar a importância da inclusão da sua prática artística como chave de fechamento do livro, em que a clareza de seu processo criativo faz emergir a reflexão acompanhada da autoridade do fazer, como algo que vai muito além da ideia de um memorial de artista autocentrado. Nesse longo percurso, o passo a passo impresso sobre o terreno da cena teatral em busca obsessiva pelo lugar do pensamento cenográfico na atualidade cumpre, sem dúvida, a sua motivação primordial em encontrar amplas respostas éticas, distantes de qualquer vaidade pessoal, revelando-se, pelo contrário, como um genuíno esforço bem-sucedido e profundamente comprometido com as indagações em torno da poética viso-espacial como real potência construtiva do teatro contemporâneo.