Quantas vezes gostaríamos de voltar ao passado para poder fazer escolhas diferentes, dar aquela resposta apropriada ou comportar-se de forma diversa àquela que, naquele momento, nos foi possível? O espelho das nossas memórias reflete o desejo de sermos melhores do que aquela imagem reverberada. A Psicologia nos mostra que muito cedo buscamos o rosto da mãe como um reflexo para constituir a diferença que marcará para sempre a nossa identidade. O outro não sou eu. O nosso primeiro espelho nos delineia enquanto sujeitos, e elaboramos a sua imagem de forma saudável ou não. Assim, desde a mais tenra infância, passando pela fase adulta, e florescendo na senilidade vivenciamos experiências que nos marcam. Sejam boas ou ruins, nos constituem, e buscamos dar sentido à nossa existência por meio delas.Este livro é um convite a você para voltar no tempo com as histórias de um homem que, como todo ser humano, acertou e errou, sentiu e racionalizou suas experiências para ressignificar sua história, evidenciando que são nossas escolhas que nos levam pelos caminhos da vida. O nosso espelho pessoal, aquele que encaramos face a face, na nossa solidão, que pode nos dizer quem realmente somos. Sobre espelhos, Clarice Lispector disse que: Não são precisos muitos para se ter a mina faiscante e sonambúlica: bastam dois, e um reflete o reflexo do que o outro refletiu, num tremor que se transmite em mensagem intensa e insistente ad infinitum, liquidez em que se pode mergulhar a mão fascinada e retirá-la escorrendo de reflexos, os reflexos dessa dura água.