Os anos sessenta se aproximam e um estúdio de cinema está preparando um filme inédito que vai contar sobre os problemas mais significativos e reclames sociais da sociedade americana. A juventude não quer mais saber de filmes religiosos, musicais, e os clássicos da “Era de ouro” do cinema. As atrizes e os atores consagrados estão envelhecendo, e muitos deles estão cheios de problemas em suas vidas pessoais. Os confrontos com os negros se espalham na sociedade americana. Em protesto, os negros deixaram de utilizar o transporte público. Muitos pedalavam suas bicicletas para irem trabalhar. Outros compartilhavam uso de carros ou usavam carroças. O serviço público perdeu os passageiros e a arrecadação dos transportes desabou. O filme que iria a tela aborda os problemas da censura, que não admite que um juiz branco, casado, se apaixone por uma mulher negra. O Código de Hays está em vigor e define o que pode ir para as telas. Não se aprova sequer beijos muito longos. Assim, esse é um romance da vida da América, captando as imagens inquietantes que chegavam com a aproximação da próxima década, que deseja derrubar a censura. A ordem do dia é ver no cinema debates de temas relevantes, um nu frontal, um beijo mais demorado do que dez segundos, ou pelo menos diálogos mais abertos sobre temas, até então considerados delicados. Mas é evidente que a concentração de poder de censura só poderia produzir efeitos desorientadores em qualquer cultura. E o cinema foi vítima de uma censura feroz. Até encíclicas da Igreja acharam que o cinema é coisa do diabo. E no final, quem pode ter matado o Censor Geral Edgard Woolf e sua cunhada Dóris?