O FINGIDOR (APARIÇÕES DE FERNANDO PESSOA AO REDOR DO MUNDO)

O Fingidor (aparições de Fernando Pessoa ao redor do mundo) é uma narrativa construída com 8 fragmentos textuais. Cada um deles corresponde a um campo
cenográfico, não-lugares nos quais desenrolam-se confrontos entre o poeta Fernando Pessoa (o Fingidor) e o Grupo Alfa, um tipo especial de corporação militar e independente, dotado de tecnologia extremamente avançada, que atua sob ordens de um personagem identificado apenas como Comandante. Perseguem,
incansavelmente, o poeta, inspirados no adágio platônico – “Expulse o poeta da pólis”. Os confrontos acontecem em 1) Notre-Dame (Paris), 2) Gare de Santa Apolónia (Lisboa), 3) Aeroporto Internacional de Tóquio, 4) Abadia de Saint-Michel (França), 5) Biblioteca de Alexandria, 6) Quartel-General, 7) Radio City Music Hall (Nova Iorque), 8) São Paulo (Brasil). Ao longo da narrativa, que mistura, de forma equilibrada, fantasia, ficção científica e ficção steampunk, o narrador alterna gêneros textuais, criando um experimentalismo estético, através do qual problematiza linhas de estudo consagradas pela cena acadêmica. Como personagem alegórica, o poeta português, tratado nessa obra como um espectro dotado de poderes transcendentes, representa a própria criação artística, o fazer artístico, em todo o seu esplendor emocional, enquanto aqueles que o perseguem convertem-se em símbolos do racionalismo acadêmico, da técnica científica e da análise meramente intelectual e formalista. Ao enfrentar os agentes do Grupo Alfa, o Fingidor encontra-se com os fantasmas de Camões e de José Saramago, atua como funcionário do Aeroporto Internacional de Tóquio, contracena com Marcel Duchamp, Frank Sinatra e Mário de Andrade – algumas das entidades que transitam por essa narrativa curta, mas, ao mesmo tempo, divertida, densa e misteriosa, que propõe ao leitor reflexões sobre arte, sobre estética e sobre a própria a vida.