O flâneur e as ruas propõe um passeio pelas ruas na companhia de fotógrafos que fizeram uso desse espaço como fonte inspiradora para o registro de imagens e que incorporaram em seus trabalhos um elemento recorrente: o acaso. Como princípio técnico da produção imagética, a fotografia ocupa um lugar relevante nos meios de comunicação. Partindo desse ponto, a obra aborda as mudanças tecnológicas nos dispositivos fotográficos e aponta em que medida elas implicam na reconfiguração das práticas e processos para a captura de imagens provenientes da paisagem urbana. Para enriquecer a discussão acerca do uso dos dispositivos fotográficos nesse contexto, o livro apoia-se na figura do flâneur para, por intermédio desse personagem curioso e fascinante citado na obra do poeta francês Charles Baudelaire e nos estudos do alemão Walter Benjamin, refletir sobre como o cenário das cidades e das ruas interfere na conduta do fotógrafo, implicando em diferentes maneiras de se deslocar e, consequentemente, de olhar e registrar a paisagem urbana. A partir da compreensão da evolução dos dispositivos, das diferentes maneiras de caminhar pelas cidades e da relação entre o flâneur e o fotógrafo de rua, esta pesquisa desdobra-se em possíveis articulações e experiêcias que tais relações suscitam. Cada capítulo aborda o acaso na produção de quatro fotógrafos selecionados: Henri Cartier-Bresson, Bruce Gilden, Vivian Maier e o brasileiro Pedro Garcia, que usa o codinome de Cartiê-Bressão. A partir disso, é possível identificar continuidades e rupturas no ato fotográfico para a captura de acasos, bem como novas possibilidades de ver imagens e capturá-las com diferentes aparatos tecnológicos. Com a evolução dos dispositivos e as mudanças no ato de caminhar e de se deslocar pelos espaços, percebe-se o surgimento de um possível novo flâneur, que, a partir da segunda década do século XXI, captura seus acasos fotográficos com câmeras acopladas a telefones celulares e compartilha suas imagens em redes sociais.