Desde a publicação de seu Manifesto de Fundação em 1909, o Futurismo italiano converteu-se em ponto de referência obrigatório para o estudo da história, das ideias e das realizações das ´vanguardas´ ocidentais. Pois as concepções e os trabalhos de Marinetti e seus companheiros marcaram, além da produção em literatura, música, artes plásticas, arquitetura, teatro, cinema, fotografia e moda, a reflexão estética, bem como o pensamento e a ação política de nosso tempo. No vasto e, às vezes, bizarro acervo de propostas desse movimento, a pregação iconoclasta da necessidade de arrasar o passado, fruto de rejeições, hoje eventualmente superadas, ladeia intuições, às vezes, simplesmente ´geniais´ e do maior alcance. É o caso das ideias sobre o dinamismo universal, a simultaneidade, o fluxo, a síntese e muitas outras, que surgem expressas, amiúde, em linguagem tosca e emaranhada sobre a forma de ´achados´, ora curiosos, como a do entoarruídos ou as tabelas do tatilismo, ora fecundos e destinados a uma profunda repercussão, como as teorias da montagem, o fotodinamismo, o teatro sintético, a pólis e a política do futuro.Tais são os elementos que, semeados nas declarações escritas de ´O Futurismo Italiano´, tornam indiscutível a atualidade de seus Manifestos. Reunindo uma seleção dos mais significativos, a organização deste volume se propôs não apenas a pôr à disposição de nosso público leitor uma preciosa documentação para estudo, como, principalmente, elementos de uma indagação sobre o nosso mundo e o nosso tempo.