O gosto das coisas etnográficas, de Paul Stoller, foi o prenúncio de uma “revolução sensorial” na antropologia. Ao fomentar uma abordagem cultural do estudo do sensorial e uma abordagem sensorial do estudo da cultura, constituiu os sentidos tanto como objeto de estudo quanto como modo de investigação. O livro está repleto de despertares sensoriais. Por exemplo, Stoller registra um incidente no qual um mestre feiticeiro (sorko) Songai o repreendeu por ser incapaz de discernir o som da alma errante de um paciente adoentado quando o mestre a libertou de um montículo de palha. O sorko observou: “Você olha, mas você não vê. Você toca, mas você não sente. Você ouve, mas não escuta. Sem visão ou tato, pode-se aprender bastante. Mas você deve aprender como escutar, ou você pouco aprenderá sobre nossos costumes”. As muitas sensações – coloridas, sonoras e aromáticas, assim como deliciosas e repugnantes – evocadas por Stoller nos capítulos deste livro inspiraram uma legião de outros antropólogos a se engajar com uma investigação social baseada nos sentidos, ou “etnografia sensorial”. Este livro certamente aguçará o apetite de leitores por mais “estudos sensoriais”.
David Howes / Centro de Estudos Sensoriais da Universidade Concordia