Não é à toa que grande parte das melhores histórias de mistério e horror trazem como ponto central uma mulher tão brava quanto apavorada, quase sempre às voltas com acontecimentos inexplicáveis. Ou então uma figura feminina atormentada que é a causa de eventos assustadores. Desde sempre, mulheres e fantasmas convivem frequentemente nas páginas dos livros. O Grande Livro das Histórias de Fantasmas, um projeto concebido pela virago Pressa, editora inglesa dedicada exclusivamente a livros escritos por mulheres, busca comprovar isso. No livro, o olhar feminino incide direta e precisamente em um dos gêneros clássicos da literatura, os contos de horror. As perspectivas apresentadas nas 34 histórias, contudo, são as mais variadas. Há narrativas tradicionais e estudos psicológicos modernos, clássicos contos de casas mal-assombradas e fábulas de mistério de teor feminista. Algumas das histórias são inquietantes; outras, francamente assustadoras; mas todas são narrativas antológicas que investigam como mulheres lidam com a paixão, a angústia e a raiva. As 31 autoras britânicas reunidas em O Grande Livro das Histórias de Fantasmas estão entre as mais importantes dos séculos XIX a XXI. Algumas dedicaram suas vidas a histórias de suspense e mistério, outras se entregam aqui a um raro exercício no gênero. A lista inclui Charlotte Brontë, a mais velha das irmãs do clã, autora de Jane Eyre; Edith Wharton, ganhadora de um prêmio Pulitzer por A Era da Inocência; May Sinclair, crítica literária e uma das mais ativas militantes pelo voto feminino em sua época; A. S. Byatt, autora de Possessão e Anjos e Insetos, de produção longa e ainda na ativa, e muitas outras.