A região estudada neste livro abrange o Oriente Médio árabe e não árabe (Machreck, ou oriente), o Norte da África (Magreb, ou ocidente), a Eurásia Central, o Afeganistão e o Paquistão. Juntos, formam o Grande Oriente Médio, não definido pela religião. A região possui um vácuo de poder, é rica em petróleo e gás, mas sem desenvolvimento industrial nem uma potência hegemônica. São 600 milhões de pessoas, englobando 31 Estados, 13 dos quais não árabes, mas com população muito superior a estes e muito mais poderosos. A região onde Ásia, Europa e África se conectam foi marginalizada das grandes transformações durante quatro séculos de dominação turca, emergindo no final do século XIX com o petróleo, os imperialismos rivais e o declínio e fragmentação da Turquia. Os novos e instáveis Estados foram um campo de conflitos anárquicos entre israelenses, árabes conservadores, árabes progressistas, companhias petrolíferas e grandes potências. No final do século XX, ocorreu a descolonização da Ásia Central com a implosão da União Soviética: nascia o Grande Oriente Médio. Em 2011, novamente, a região surpreendeu o mundo, como em 2001, com os atentados terroristas de 11 de Setembro e a invasão americana do Afeganistão. O desencadeamento de uma nova onda de revoltas pacíficas ou violentas do Marrocos ao Golfo Árabe pareceu despertar a atenção mundial. Assim, esta obra analisa os acontecimentos atuais numa perspectiva histórica, de comparação com o passado. Afinal, anteriormente já houve outras Primaveras Árabes. Aborda o século de conflitos, com a velha geopolítica, que precedeu o terremoto político atual, para discutir se ocorre uma mudança real e profunda, ou se trata-se de mais uma oportunidade perdida, onde os grandes interesses externos (com seus aliados locais) conseguem bloquear uma verdadeira transformação.