A poesia salva. A poesia não diz somente palavras belas. A poesia desperta, alerta, sacode e grita. Assim nasce O Grito. Do desejo de expressar a indignação ao ver a dor do outro. Do desejo profundo de chamar a atenção, alertar para o buraco em que a humanidade está se metendo ao ignorar o grito de socorro da Natureza, do nosso planeta Terra. O grito pela urgência de se mudar de atitudes antes que seja mais tarde do que já é. O grito pelos que sofrem por não se enquadrarem em um padrão social rígido, em uma sociedade implacável, que cobra beleza, corpos esculturais, juventude eterna, status social elevado e formas de existir padronizadas, conforme um ideal que, de tão perfeito, se mostra inatingível. A busca incessante e frustrada desse ideal de perfeição, exigindo das pessoas um esforço sobre-humano, torna a sociedade doente, um poço de ansiedade, depressão, estresse, agressividade. A humanidade e o planeta — partes distintas, mas integrantes de uma só natureza — estão doentes. Precisamos de cuidados, de remédios. São eles: mudança de comportamento em pequenas e grandes ações do dia a dia, em respeito ao nosso ambiente, planeta onde vivemos (se quisermos garantir nossa sobrevivência, temos que mudar nossas atitudes); respeito ao outro — respeito incondicional à forma do outro de existir no mundo, mesmo que seja diferente da sua. E terceiro e não menos importante remédio: a poesia. Para isso, O Grito, que há de ecoar distante e bonito, na esperança de espantar as coisas tristes do nosso tempo.