O Hilota de Alpharrel é um romance de estética neorrealista. A prosa aqui tratada, apesar de ser regionalista, tem temática de caráter nacional, já que a problemática social tratada na presente obra continua a ocorrer, e neste instante, em todo o Brasil rural, e quiçá, até mesmo nos grandes centros urbanos, e de norte a sul do país.
Sem uma linguagem rebuscada, já que na presente obra a simplicidade da palavra é quem impera, objetivando levar o leitor a seguir num roteiro linearmente verossímil, a obra procura apontar a problemática da nova face de um escravismo que ainda hoje permeia o nosso país, e só podendo ser solucionado através do poder do povo organizado, que é quem deve lutar para extirpar essa ferida, que ainda hoje acomete o nosso Estado.
Abolida em 1888, através da lei áurea, quando ainda era um instituto, essa escravidão resiste, subsistindo de forma sub-reptícia, e mesmo com a Carta Cidadã de 1988, que garantiu a todos a isonomia iluminista, vê-se, ainda hoje, que essa igualdade burguesa foi instituída para imperar somente entre os donos do meio de produção, já que os que produzem continuam sendo escravizados pela precarização, quando não diretamente através do famigerado trabalho análogo ao de escravo.