O jornalista, crítico e poeta Mário Faustino (1930-1962) via o escritor como um intérprete de sua época e de seu povo, fortemente ligado ao presente histórico. Ao mesmo tempo, acreditava que o poeta deveria ser capaz de identificar a beleza na tradição e seguir inovando para se projetar no futuro. Para ele, a função social do poeta era agir por meio da linguagem, modificando a língua e, por extensão, as formas de pensamento e de percepção do mundo.
Suas ideias sobre poesia começaram a aparecer nas páginas do Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, na coluna Poesia-Experiência, que Faustino manteve entre 1956 e 1959. Nela, o escritor criticava a letargia da poesia, da crítica e do jornalismo literários brasileiros. Defendia uma linguagem menos discursiva, que procurasse apresentar em vez de representar o objeto.
Para ele, o poema era um corpo vivo, orgânico, do qual nenhuma parte poderia ser suprimida e ao qual nada poderia ser acrescentado. Por detrás dessa concepção da literatura estava o objetivo de infundir a escrita da experiência vivida e de devolver à vida o artesanato da palavra poética.
De suas diversas influências, Faustino escolheu uma frase do poeta Ezra Pound como lema para a sua prática literária: "Repetir para aprender, criar para inovar". Para cumprir esse programa, o poeta utilizou procedimentos criativos típicos de outras artes - como a colagem cubista, tomada das artes plásticas, e a montagem, emprestada do cinema do diretor russo Sergei Eisenstein. Os poetas que lhe serviram de inspiração foram, principalmente, Stéphane Mallarmé e T.S. Eliot.
O homem e sua hora foi o único livro de Mário Faustino publicado em vida. Este primeiro volume de sua obra poética e crítica traz também poemas esparsos, publicados entre 1948 e 1962, os "fragmentos poéticos" escritos entre 1960 e 1961, além de poemas inéditos, estabelecidos e fixados a partir dos originais guardados por seu amigo Benedito Nunes.