O Indivíduo é uma figura recente do cenário humano. Até meados do Renascimento ele não existia sendo parte da própria comunidade que o gerava e acolhia. Somente com seu surgimento no período renascentista passou a integrar a realidade humana e inclusive tornou-se seu centro. Tudo a passa a ser orientado pelo indivíduo e do seu lugar giram todas as coisas. Na modernidade o papel do indivíduo cresce com a introdução da noção dos direitos e com o advento da sociedade capitalista ele se torna uma categoria de entendimento do mundo a partir da pessoa. Aí começam os problemas que geram uma nova forma radical de individualismo que é o narcísico. Nas sociedades contemporâneas este tipo de individualismo cada vez mais tem sido estimulado por meio de um estilo que vida burguês que fomenta um olhar individualista. Podemos perceber isto nos aparelhos criados por Steve Jobs que já começam pela expressão inglesa “I” que já distinguem estes equipamentos por se destinarem exatamente ao “eu” narcísico contemporâneo que precisa destes instrumentos para afirmar-se por meio de si mesmo. Nas redes sociais o mesmo acontece onde as pessoas vivem no centro de sua própria identidade construindo perfis e páginas que aumentam esta sensação de afirmação hiperbólica de sua individualidade. Tal qual o mito antigo do narciso o risco atual é que esta forma radical de individualismo tende a produzir o sofrimento e até mesmo a morte do próprio indivíduo sufocado num mar de individualidades vivendo numa sociedade em que eles mesmos precisam conviver e ,portanto, fica o impasse. Como conviver com os outros permitindo que suas individualidades sejam afirmadas de forma vigorosa? É uma pergunta ainda não respondida. Neste livro o que pretendemos é fazer uma analise do processo que gerou tudo isto. Tenta compreender como se deu a passagem das noções iniciais do individualismo renascentista e burguês para a sua forma mais exagerada e complexa que é o narcísico. Para isto faz uma pesquisa bibliográfica recorrendo a autores que se propuseram a discutir a questão no âmbito filosófico. Esperamos que este trabalho possa dar alguma contribuição para o entendimento e a proposição de mudança para o nosso indivíduo pós-moderno.