Para Henri Cartier-Bresson, o objetivo da fotografia era captar o "momento decisivo" de uma cena ou evento. Geoff Dyer, que não é fotógrafo mas escritor, está interessado em captar o oposto: a continuidade, os temas que se repetem e se renovam, as fotos que dialogam umas com as outras ao longo da história da fotografia. Longe do manual acadêmico e dentro da melhor tradição do gênero ensaístico, este livro é como uma boa conversa, em que um assunto puxa outro livremente, ao sabor da inspiração.
Sem o rigor classificatório e a abordagem cronológica, Dyer parte de um ponto qualquer (por exemplo, a foto de um cego feita por Paul Strand) para nos levar por uma viagem muito pessoal pelo mundo da fotografia, centrada em temas, motivos, cenas, objetos, gestos que se repetem e reaparecem sob novos ângulos e roupagens na obra de vários fotógrafos importantes, como Alfred Stieglitz, Walker Evans, André Kertész, Diane Arbus e Nan Goldin.
Escrito em estilo leve e bem-humorado (às vezes abertamente sarcástico), recheado de imagens, mas também de relações inesperadas e comentários perspicazes, bem como de algumas fofocas saborosas sobre as perigosas relações entre fotógrafos, O instante contínuo é motivo de prazer constante na leitura.
"Uma reflexão magistral sobre fotógrafos [...] na qual grandes temas, muitas vezes melancólicos, são tratados com leveza e humor afiado." - Alain de Botton, The Observer