O amigo Benedito Bizerril, advogado e militante das causas populares, acertou em cheio ao se dedicar à pesquisa e à redação da obra. Protagonista dessa empreitada heroica, ele mostra a importância da mídia alternativa em tempos de resistência. Há muitas diferenças, mas também algumas similaridades entre esses distintos períodos. Assim como hoje, a mídia monopolista ajudou a criar o clima para o golpe militar de 1964. Na época, a TV ainda era incipiente e quem cumpriu esse papel nocivo foram os jornais e as rádios. O livro traz acalentada pesquisa sobre a linha editorial dos principais veículos do Ceará. Os editoriais da época, alguns reproduzidos no livro, até lembram a satanização da política patrocinada pela mídia para justificar o golpe contra Dilma Rousseff e a prisão política de Lula – e que foi decisiva para chocar o ovo da serpente fascista que permitiu a eleição de Jair Bolsonaro. Como relembra Benedito Bizerril, “nos anos sessenta, assim como nos dias atuais, os principais veículos de comunicação no Ceará pertenciam a restritos grupos de empresários e de famílias das classes dominantes. Os Diários Associados, de Assis Chateaubriand, destacavam-se na condição de proprietários dos jornais Unitário, matutino, e Correio do Ceará, vespertino, bem como da Ceará Rádio Clube, de prefixo PRE-9, e da TV Ceará, Canal 2, à época o único canal televisivo do Estado. A família do senador Paulo Sarasate, ex-governador do Ceará e liderança de projeção nacional da UDN, era proprietária do jornal O Povo, concorrente direto dos jornais dos Diários Associados na disputa pela preferência do público leitor cearense”. O livro destaca que apenas um veículo se contrapôs ao golpe e à ditadura. “Somente a Rádio Dragão do Mar, do empresário e deputado federal pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) Moysés Pimentel, manteve-se em sintonia com os anseios democráticos e progressistas”. Exatamente por isso, a emissora foi alvo da fúria dos generais. Um dos primeiros atos do regime ditato