Se o Só" de António Nobre é o livro mais triste que alguma vez se escreveu em Portugal, faltava-nos quem sobre essa tristeza reflectisse e meditasse. Veio Eduardo Lourenço e explicou-nos quem somos e porque o somos. Abriu-nos os olhos, mas a luz era demasiado forte. Por isso, tornámos a fechá-los." —José Saramago Eduardo Lourenço escreveu "O labirinto da saudade (Psicanálise mítica do destino português)" no rescaldo da revolução portuguesa de 25 de abril de 1974, quando se depositavam sobre Portugal todas as esperanças de uma democracia regeneradora. Movido pelo desejo de que essas esperanças se cumprissem, e para isso mantendo a sua incansável lucidez de análise e de crítica, Lourenço nos deixou o mais fiel retrato da cultura e da mentalidade lusas, e um grande clássico da filosofia ensaística. Escrito por um dos mais importantes pensadores portugueses da atualidade, trata-se, pois, de um exemplar “discurso crítico sobre as imagens que de nós [portugueses] temos forjado”, bem como de uma visão raio-X da história de Portugal — demasiado fascinada pelas “aventuras celestes de um herói isolado, num Universo previamente deserto” — e da filosofia portuguesa, preocupada acima de tudo em construir “a imagem de um Portugal-Super-Man, portador secreto de uma mensagem ou possuidor virtual de um Graal futuro”.