Um ensaio do maior especialista mundial em Proust Freud e Proust foram, cada qual do seu jeito, os exploradores que penetraram mais fundo em suas pesquisas sobre a psique humana. Freud com o desbravamento do inconsciente e da psicanálise; Proust com Em busca do tempo perdido, romance modernista em sete volumes que é um monumento sem igual. O pai da psicanálise, mais longevo, nasceu quinze anos antes e sobreviveria a Proust em dezessete anos. Embora contemporâneos, nunca se encontraram, não estudaram a obra um do outro, e no entanto parecem ter trilhado caminhos paralelos na pesquisa sobre as profundezas e sutilezas da mente humana. Jean-Yves Tadié, acadêmico, crítico literário, biógrafo de Proust, responsável pela mais recente e criteriosa edição francesa de À la recherche du temps perdu e um leitor atento de Freud, faz aqui o que muitos conhecedores das teorias freudianas e da narrativa proustiana sonharam: aproxima os dois mundos, inventariando temas comuns como sono, sonhos, memória, infância, homossexualidade, amor, ciúme e luto. Com delicadeza, coloca os dois gigantes lado a lado, reflete sobre a psique dos personagens de Proust, sobre as semelhanças e diferenças destes e dos casos clínicos narrados por Freud, sobre o que escreveram os dois gênios e também sobre o que calaram. O resultado é um ensaio raro de que apenas Tadié seria capaz, uma espécie de tête-à-tête que, longe de esgotar a obra de um ou outro pensador, lança uma nova luz sobre suas interconexões, iluminando para nós, leitores, os estreitos caminhos percorridos no estudo da alma humana e dos alcances da arte.