O leão e o chacal Mergulhador, cujo subtítulo, numa de suas versões, é “Livro do leão e do Mergulhador, contendo dizeres sapienciais e paradigmas na língua de animais e histórias de reis e vizires”, recebeu sua forma final na Bagdá do século XII, constituindo-se numa sedutora mescla de tratado político, livro de etiqueta da corte, crítica de costumes e fábulas sapienciais de animais à la Esopo. Encadeando e desencadeando ensinamentos, sentenças, máximas, provérbios e pequenos contos, trama-se uma narrativa envolvente, cheia de sabor e saber, cujas partes vão se urdindo como as figuras de uma tapeçaria oriental. O trabalho de tradução, a cargo de Mamede Mustafa Jarouche, três vezes premiado por verter do árabe ao português o Livro das mil e uma noites, alia o máximo respeito às fontes originais a um grande senso literário, e o resultado é uma prosa fluente em nosso idioma que, ao mesmo tempo, transporta o leitor para muito longe, no tempo, no espaço e na imaginação, e quando menos espera, o traz de volta. O livro conta com prefácio de Olgária Chaim Féres Matos, e com posfácio e notas, tanto gerais quanto linguísticas, do próprio tradutor. Este, aliás, acaba de cumprir mais um feito na história do ofício de tradutor no Brasil: esta é a primeira vez que O leão e o chacal mergulhador é traduzido. Até o presente ano, ele só podia ser lido em árabe.