O Prof. Manfred Braunfels é um homem reservado e obstinado que há anos se dedica a uma pesquisa sobre a vida dos escravos na Palestina sob o domínio romano. Ele pretende escrever uma obra sobre o assunto, mas seu maior temor é que ela acabe caindo no esquecimento, perdida em meio às prateleiras das livrarias. O que ele deseja, na verdade, é que ela se torne um clássico. Mas qual é a explicação para livros que perduram ao longo dos tempos e livros que somem em meio a outras publicações? É em meio a digressões como essa que o Prof. Braunfels narra este novo romance do premiado escritor Luis S. Krausz. Quem decide o que será lembrado e quem decide o que será esquecido? Quais são as razões que governam a lembrança e quais as que governam o esquecimento? Esquecer significa perder. Empreender é o contrário de perder. O que é esquecido caiu para fora. A memória é como uma dança das cadeiras: enquanto a música toca, elas vão andando, mas há sempre uma cadeira a menos. A música para e para cada lembrança há uma cadeira. Menos para uma delas. A lembrança que ficou sem cadeira caiu para fora do jogo.
A narrativa de O Livro da Imitação e do Esquecimento gira em torno do Prof. Manfred Braunfels, historiador alemão radicado em São Paulo há quase vinte anos. Professor na Universidade de São Paulo, ele está empenhado numa profícua pesquisa a respeito da vida dos escravos na Palestina sob o domínio romano. Seu propósito é criar um livro que alcance o estatuto de clássico em sua especialidade. Extremamente devotado a seus estudos, o Prof. Braunfels prolonga sua pesquisa já há muitos anos, embasada em metódicos fichamentos e em viagens de campo a Jerusalém. Levando uma vida quase ascética, ele permanece cego às intrigas políticas que se tramam na universidade, à sua volta - como aquela em que está envolvida a desagradável Profa. Tamar Peled. Outsider de dois mundos - tanto o de sua terra natal tanto quanto o de seu país de adoção -, o Prof. Braunfels encontra sentido para sua existência no continente abstrato do discurso, numa realidade criada sob medida para desmentir a visão de mundo desencantada de seus contemporâneos. Em meio à sua pesquisa, são inúmeras as digressões a respeito da diferença entre as grandes obras consagradas e aquelas que acabam caindo no esquecimento. Como ele mesmo diz: Que diferença existe entre os livros que foram escritos e esquecidos e os livros que não foram escritos?. Quarto romance de Luis S. Krausz, O Livro da Imitação e do Esquecimento mistura memórias e tempo presente, compondo um retrato único da mente ao mesmo tempo caótica e ordenada de um fascinante protagonista.