Os vinte e seis capítulos deste livro sui generis, cada um deles correspondendo ao nome de um personagem, compõem um quebra-cabeça ficcional que aos poucos ganha forma e sentido na imaginação do leitor.
Hildegarda, Fausto, Plínio, Odília, Ulisses, Vanessa - cada um é examinado detidamente num capítulo próprio e apresentado de modo parcial e oblíquo nos capítulos referentes a outros personagens. O resultado dessa soma - ou entrelaçamento - de pontos de vista é um painel narrativo vivo e cambiante como um caleidoscópio. Aqui, todos têm suas razões e sua loucura e cada destino refrata e matiza os outros.
Organizando seus personagens em ordem alfabética, de Antônio a Zenóbia, Maria Esther Maciel joga com o formato dos dicionários de nomes, descobrindo ou inventando etimologias, erigindo crenças, teorias e clichês para dissipá-los logo em seguida. Parece dizer que a vida não cabe nas classificações, escapando sempre pelas entrelinhas.
Narrativa elíptica, fragmentada e concisa, O livro dos nomes multiplica seus sentidos e seu alcance humano à medida que a leitura avança. O leitor participa ativamente da composição desse mosaico que, como a própria vida, nunca fica pronto.