"O Mameluco", romance inédito em livro de Amélia Rodrigues (1861-1926), selecionado pelo Rumos Itaú Cultural 2019-2020 e publicado apenas em folhetim em 1882, chega aos leitores pela paraLeLo13S apresentado por Milena Britto, que assina também um ensaio sobre a obra no mesmo volume.
Ambientada numa fazenda do Recôncavo baiano, a narrativa situa as discussões raciais da época e traz a mestiçagem brasileira para um debate aprofundado, além de ser uma denúncia sobre a violência que foi a Guerra do Paraguai, pano de fundo para o romance. O enredo envolve um triângulo amoroso, senhores de terras, pessoas negras escravizadas, coronéis e o envio arbitrário de soldados e civis ao conflito.
Publicada num dos principais jornais do Recôncavo baiano, uma das últimas regiões a abolir a mão de obra escrava, a obra se insere entre os marcos da literatura nacional do século XIX, ecoando a questão da nacionalidade brasileira e a sua formação racial.
No ensaio “Amélia Rodrigues e a Escrita das Mulheres do Século XIX”, que fecha o livro, Britto mostra como o romance de Rodrigues se insere lado a lado aos demais romances publicados no Brasil na época. Segundo a ensaísta, “o livro é um diálogo com o cânone literário brasileiro que oferece complexidade ao debate da formação da identidade nacional. Como uma obra escrita por uma mulher brasileira de final de século, é também um documento que evidencia as temáticas sobre as quais as mulheres se debruçaram e que, como se nota, não trata apenas de temas romantizados ou religiosos.”
No ano em que foi escrito, "O Mameluco" foi publicado em episódios no jornal Echo Sant’Amarense. Para esta edição, o texto foi resgatado do último exemplar sobrevivente do ano de 1882 do periódico, arquivado no acervo da Biblioteca do Estado da Bahia.
Esta edição vem acompanhada de ilustrações de Flávia Bomfim feitas exclusivamente para o romance. A artista faz algumas releituras de imagens conhecidas da arte e cultura pop brasileiras, e apresenta as personage