Passados 508 anos, o ser-humano parece inviável, segue ateando fogo à Terra e nada indica que um superbombeiro se aproxima para a apagar o incêndio. Do meio ambiente à política, passando pela economia e pelo comportamento bárbaro das pessoas no dia-a-dia, sobram argumentos para os pessimistas. Mas nem tudo está perdido. O planeta é habitado pelo humor de Luis Fernando Verisimo e sua salvação está nas crônicas reunidas no livro O Mundo é Bárbaro. Escolhidas num universo de 500 textos, entre os melhores que o autor escreveu nos últimos oito anos, elas discutem a ascensão chinesa, a guerra contra o terror, a candidatura de Barack Obama à presidência dos Estados Unidos e o passado e o futuro do Brasil e da América Latina. Simultaneamente, fazem um raio x acurado do comportamento do homem contemporâneo. "Esses assuntos, por mais díspares que sejam, quase sempre convergem para uma crítica aguda desta época globalizada. Nesse sentido Verissimo é um cronista da História e da memória, e também um mestre da crítica social e política", observa o escritor Milton Hatoum. Em O Mundo É Bárbaro, destaca-se o talento único de Veríssimo para casar assuntos que dizem respeito a toda a humanidade com outros tirados da banalidade cotidiana, sempre com os textos curtos e o olhar crítico aguçado que o tornou referência tanto para o leitor comum quanto para escritores e jornalistas de renome. "Verissimo modernizou a crônica nacional assimilando - como Machado assimilara na ficção - a influência da literatura de língua inglesa, especialmente a de humor. Mesclando crônica e artigo, relato pessoal e análise jornalística, e sem cair nos destemperos explícitos de outros praticantes da modalidade, Verissimo renovou a crônica", analisa o crítico literário Daniel Piza. Para o romancista Carlos Heitor Cony, "Verissimo mergulha nas raízes de sua formação cultural, não se derrama no lirismo poético nem no humorismo datado. É um pensador que vai fundo na contemplação e análise da vida pessoal e coletiva de todos nós - ao mesmo tempo nos condena e perdoa". O jornalista e biógrafo Ruy Castro ressalta outra grande qualidade das crônicas de Verissimo: a capacidade de, reunidas em livro, provocarem o mesmo prazer de sua leitura nos jornais do dia-a-dia. "Muitos cronistas parecem formidáveis quando lidos dia sim, dia não, ou uma vez por semana. Mas basta reunir essas crônicas em livro para se descobrir que eles passaram anos escrevendo a mesma crônica. Com Verissimo, isso não acontece, porque o leque de interesses com que ele nos abana diariamente pela imprensa é vasto, colorido, variado. Apenas sua visão é única."