Finalista do Prêmio Jabuti, esta é a segunda edição de um livro que já é um clássico sobre a ascensão conservadora no Brasil. A obra trata do paralelo entre a ascensão do neoconservadorismo nos Estados Unidos no fim da década de 1970 e o surgimento do novo conservadorismo no Brasil a partir de meados de 2015 – que culmina com a eleição de Jair Bolsonaro à Presidência da República em 2018. Neoconservadorismo se refere originalmente à coalizão que reuniu parcela majoritária do evangelismo, elementos da direita secular do Partido Republicano, intelectuais e Chicago boys na eleição de Ronald Reagan em 1980. O movimento de reação às políticas de bem-estar social e ao avanço de feministas e de LGBTs cimentou o movimento neoconservador, reeditado com George W. Bush e com Donald Trump. No Brasil, o neoconservadorismo foi resgatado e expresso no combate à “ideologia de gênero”, nos projetos Escola Sem Partido e Estatuto da Família, na defesa do armamento, no estabelecimento de teto de gastos públicos, na proposta de mudança da embaixada do Brasil em Israel para Jerusalém, na crítica ao “marxismo cultural globalista” e mesmo em tratar o Covid-19 como um “comunavírus”. Os temas, que aparentemente não se comunicam, são costurados pelo ideário que alia sionismo, militarismo, absolutismo do livre mercado e valores da direita cristã, baseado no princípio de que é a família – e não o Estado – que deve dar resposta aos problemas sociais. Nos Estados Unidos e no Brasil, o movimento, que se inicia na defesa de um imaginário bélico, de valores tradicionais e contra o comunismo, desaguou em um projeto autoritário, que contesta princípios básicos da democracia.