Como será o papel do Jornalismo sem papel, aberto, virtual, sem lenço nem documento? O mar de informações em que ele navega já é imenso. Muito diferente das tripas de telex que desaguavam nas redações do século XX e que já deixavam atordoados os editores, aqueles que escolhiam o que devia ou não ser publicado. Fora, claro, os censores de plantão, que tinham um trabalho mais simples: cortavam o que os ditadores impunham – hoje, os censores são mais tímidos, mas que existem, existem. Essa espécie de comunicação compartilhada que a internet proporciona é a grande questão que se coloca entre todos os comunicadores. Mas não apenas entre eles. Os proprietários dos meios de comunicação tradicionais estão mergulhando fundo na velocidade das novas plataformas porque não querem perder o trem da história, nem suas gigantescas empresas, muito menos seus lucros. Em vários sentidos, a situação atual nos dá uma oportunidade de ouro. Esse modelo nos oferece a ocasião de mudança: embora as nações sejam comandadas por homens – muitas vezes cruéis – de mais de 60 anos, esse é o momento das coisas novas, a chance de uma virada na cara do mundo – o tempo de uma geração ousada e com novas propostas. E por que é o momento ideal para esse impulso de velocidade? É que as sociedades, levadas pela comunicação mais rápida e globalizada, nunca estiveram tão conectadas, unidas pela informação – daí os protestos, as vozes que finalmente se fazem ouvir, as indignações reprimidas que se soltam. O perigo: a guerra de versões, de opiniões, de mentiras. Vence quem tiver credibilidade, perde quem tiver rabo preso e perna curta.