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Sinopse
A seleção de textos forma um prisma multifacetado do pensamento de Musil. O escritor Marcelo Backes, que organizou, traduziu e é autor do posfácio de O papel mata-moscas e outros textos, considera o volume uma “realização parcial” da ideia de uma coletânea planejada por Musil pouco antes de morrer. Compõem o livro quatro contos, três ensaios (um deles sendo uma discussão ficcional sobre a própria obra do escritor), quatro textos que podem ser considerados aforismos longos e uma coletânea de aforismos curtos.
A aparência de miscelânea não esconde a recorrência metódica dos temas favoritos de Musil. O escritor – que lutou na Primeira Guerra Mundial e morreu pobre na Suíça, onde se refugiou do nazismo depois da anexação da Áustria pela Alemanha – parece ter acompanhado minuciosamente, em sua literatura esparsa, o progressivo desastre civilizatório no coração da Europa. Isso é perceptível na descrição ao mesmo tempo brutal e minuciosa contida no conto que dá título à coletânea da CARAMBAIA, escrito antes dos dois conflitos mundiais.
Em “Sobre a estupidez”, ensaio derivado de uma conferência, Musil procede a uma implacável investigação que, embora não destituída de ironia, contempla com profunda seriedade a balbúrdia de convicções no mundo intelectual de seu tempo. Sobressaem nesse texto o retrato da falência iminente dos valores em que se baseiam os pactos sociais e os evidentes limites da razão. Com esses temas, Musil se aproxima de muitos de seus contemporâneos de escrita em língua alemã, de Kafka a Walser, de Thomas Mann a Hermann Hesse, de Benjamin a Freud. Seu estilo desafiador, no entanto, é único, o que levou Mann a lhe dizer em uma carta: “Não há outro escritor alemão vivo de cuja permanência eu tenha tanta certeza”. E, de fato, diz o organizador Marcelo Backes: “‘Sobre a estupidez’ é tão atual que, para um analista agudo, seu princípio poderia se dirigir a vários governos e regimes instaurados hoje pelo mundo afora”.
Robert Musil nasceu em Klagenfurt, filho de um engenheiro e professor universitário que viria, mais tarde, a receber o título de nobreza Egler, que o escritor herdou mas nunca utilizou literariamente. Aos 10 anos foi encaminhado pelo pai para a Escola Militar de Eisenstadt. Aos 17, chegou à Academia Militar de Viena. Um ano depois abandonou a carreira militar e passou a estudar engenharia. Depois de formado, cursou filosofia e psicologia experimental na Universidade de Berlim, onde se doutorou. Em 1906, publicou O jovem Törless, inspirado em seu período no internato militar. Trabalhou nos anos seguintes como bibliotecário e editor enquanto se dedicava à literatura.
De 1914 a 1918, Musil participou ativamente da Primeira Guerra Mundial, na condição de oficial de infantaria, e foi condecorado por bravura. Em plena guerra, Musil encontrou tempo para visitar Franz Kafka, escritor que tinha em alta conta, em Praga. Com o fim do conflito e o colapso do Império Austro-Húngaro, Musil se estabeleceu em Viena e alternadamente em Berlim. Deu prosseguimento à carreira literária, com contos e peças de teatro.
Entre 1930 e 1933, publicou dois volumes de O homem sem qualidades, totalizando mais de mil páginas. A parte restante do romance, em que um ex-matemático testemunha o colapso do Império Austro-Húngaro na Viena anterior à Primeira Guerra, só viria à luz em 1943. Durante a década de 1930, empobrecido, Musil recebeu ajuda financeira de colegas escritores, por iniciativa de Thomas Mann. Com a ascensão do nazismo, que baniu seus livros, Musil, casado com uma judia, se refugiou na Suíça em 1938. Viveu em Zurique e em Genebra, onde morreu depois de um derrame, aos 61 anos.
Durante anos a obra de Musil permaneceu em relativa obscuridade até ser redescoberta no início dos anos 1950, quando começou a ser traduzida para outros idiomas. No Brasil, Um homem sem qualidades só chegou em 1986. A recepção crítica aos livros de Musil raramente deixa de mencionar seu caráter provocativo e denso, corroborando a frase do próprio escritor: “A imortalidade da obra de arte é seu caráter indigesto”.
O projeto gráfico de O papel mata-moscas e outros textos é de Daniel Trench e traz como ilustração de capa e de páginas interiores algumas moscas – e suas sombras – criadas pela artista Regina Silveira (Porto Alegre, RS, 1939).
Ficha Técnica
Especificações
ISBN | 9788569002444 |
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Tradutor para link | BACKES MARCELO |
Pré venda | Não |
Ilustrador para link | SILVEIRA REGINA |
Peso | 230g |
Autor para link | MUSIL ROBERT |
Livro disponível - pronta entrega | Não |
Dimensões | 21 x 12.5 x 1.3 |
Idioma | Português |
Tipo item | Livro Nacional |
Número de páginas | 180 |
Número da edição | 1ª EDIÇÃO - 2018 |
Código Interno | 852699 |
Código de barras | 9788569002444 |
Acabamento | CAPA DURA |
Autor | MUSIL, ROBERT |
Editora | CARAMBAIA ** |
Sob encomenda | Não |
Tradutor | BACKES, MARCELO |
Ilustrador | SILVEIRA, REGINA |