Paulo Rezzutti e Adriana Moura apresentam alguns dos mais fascinantes contos de fadas russos de todos os tempos
Os contos de fadas começaram a ser coletados com mais intensidade em diversos países na época do Romantismo, como uma maneira de resgatar as histórias contadas pelo povo ao longo de séculos. Os originários da Rússia, no entanto, são menos conhecidos no Ocidente e têm características próprias, como a forte ligação com a natureza, na qual o inverno, por exemplo, é personificado num ser que pode ser bom ou mau, dependendo da forma como se lida com ele.
Nos contos russos as mulheres também são muito menos passivas, e delas depende o seu próprio caminho. As famosas matrioshkas russas, bonecas de madeira que se encaixam umas dentro das outras, simbolizam, entre outras coisas, a imortalidade por meio da maternidade, sendo a última boneca, geralmente, um bebê. Essa imagem pode ser vista em contos antigos como em “A princesa sapo,” no qual a alma do bruxo Koschei, o Imortal, se encontra escondida dentro de um receptáculo, que está dentro de outro, e outro, e outro. Como na série Harry Potter, a alma do vilão não está dentro dele, de modo que não pode ser morto num confronto direto, levando o herói a uma busca.
No livro O pássaro de fogo e outros contos de fadas russos, os organizadores Adriana Moura e Paulo Rezzutti pretendem apresentar um pouco desse mundo tão rico e pouco conhecido no Brasil, cujos temas são universais e continuam atuais. Os dois se dedicaram à tarefa de seleção dos contos e à pesquisa das suas inúmeras edições, a fim de apresentar ao leitor uma tradução apurada e deliciosa.