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    O PÁSSARO QUE COMEU O SOL

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    Sinopse

    Edição: 1993
    artepaubrasil livraria (coleção pytx)
    Projeto editorial: Alonso Alvarez

    ----------------------------------------------------------------

    APRESENTAÇÃO
    Esta antologia de poetas coreanos contemporãneos, organizada e traduzida, com amor e competência, por Yun Jung Im, vem revelar ao leitor brasileiro a fascinante e personalizada contribuição de uma literatura poética singular. Ao mesmo tempo lírica e severa, sóbria e melancólica, é capaz de singelezas tardo-românticas e de eflúvios simbolistas, mas também de ousadias hipermodernas, que vão até aos transgressivos e irônicos experimentalismos de vanguarda.

    Poesia de contemplação da natureza, poesia dos conflitos amorosos, poesia da guerra, poesia da paz, eis algumas das linhas principais que definem a coletânea, onde se faz ouvir o canto a muitas vozes do País da Manhã Serena (de Kaoli, Koorai, segundo o etimologista J. J. Egli, citado por Antenor Nascentes).

    Um país cuja escrita nos encanta o olho e cuja língua nos embala o ouvido, e em cujos nomes, derivando-o com liberdade poética do grego Khoréia, o fileleno filoriental Paulo Leminski leu talismanicamente dança.
    (Haroldo de Campos)


    PREFÁCIO
    CORÉIA: UM PAÍS QUE SE CHAMA DANÇA
    Paulo Leminski

    E a devoração brasileira da poesia do planeta, via tradução, prossegue. Agora um ramo de flores, iluminado, vindo do “País da Serenidade Matutina, pelas mãos doces de Yun Jung Im, estudiosa coreano-brasileira, atualmente em Seul, de onda manda uma carta, através do irmão me convidando para participar desta bonita festa de poemas doloridos e ternos, densos e melancólicos.

    Esta antologia (äntologia”, em grego, quer dizer escolha de flores) marca a chegada da poesia coreana entre nós, ampliando, no ano das Olimpíadas de Seul (encontro helênico-coreano), nosso conhecimento das artes do Extremo Oriente.

    Da China, já conhecíamos várias coisas, através das transcriações do original, por obra e graça de Haroldo de Campos ou através de traduções de Ezra Pound, entre outros.

    A poesia japonesa, através dos haikais, já é presença na poesia brasileira desde o Modernismo.

    A poesia coreana traz, a fogo, a marca do povo que a produziu, um povo sofrido de mil guerras e mil invasões, imprensado entre a China e o Japão, por eles invadido e oprimido. Nesse sentido, a condição nacional do povo coreano lembra demais a situação da Polônia na Europa, nação orgulhosa sempre espremida entre os alemães de um lado e os russos do outro.

    Como os poloneses, os coreanos tiveram muito que lutar para preservar sua personalidade nacional e seus valores culturais.

    Assim como a língua polonesa foi proibida por dominadores prusssianos e russos, a língua coreana chegou a ser proscrita pelos invasores japoneses.

    Mas, como a Polônia e o povo polonês, a Coréia e o povo coreano sobreviveram e hoje estão presentes aqui no Brasil em contingentes imigratórios significativos, entrando a fazer parte, a partir de agora, deste carnaval de raças que, um dia, vai ser o povo brasileiro.

    Na poesia coreana do século XX, objeto deste livro, me chama a atenção a finura de percepção, a delicadeza de certos registros e uma espécie de doce melancolia que impregna tudo.

    E, sobretudo, a presença de um grande poeta, a revelação do livro para mim, desde já o meu poeta coreano moderno, o boêmio e surrealista Yi Sang, com poemas experimentais surpreendentes.

    “Coreó”, o nome antigo da Coréia, significa Alta Beleza”.

    Pelo Aurélio, significa “Dança”. Feliz coincidência.

    E nessa dança, estamos desde já.


    ALGUNS POEMAS

    Namgung Byók
    Dor das Estrelas

    Querida, minha querida, quando
    o bebê revira o corpo na cama
    nunca te ocorreu, involuntariamente,
    levar um grande susto?

    Querida, minha querida, quando
    as pessoas do mundo torcem e arrancam as flores da terra,
    nunca te ocorreu que as estrelas do céu se contorcem de dor?


    Kim Dong-myóng
    Noite

    Noite,
    lago imenso numa névoa azul

    Eu,
    um pescador de sonhos na canoa do sono


    Kim Hyón-sung
    Janela

    Amar a janela –
    soa melhor do que amar o sol
    porque não ofusca

    Se se perde a janela
    perde-se o estreito por onde se avança ao céu

    e a alegria é para nós
    a notícia de hoje

    Pois quando limpamos a janela
    é também quando podemos cantar
    Dizem que as estrelas são terras alheias de dezembro,
    distantes distantes...

    E conservando a janela limpa e cristalina
    exercitamos o hábito de abrir gentilmente os olhos,

    e que os olhos límpidos
    sejam os nossos corações reluzentes
    na espera do amanhã...


    Kim Gui-rim
    O Mar e a Borboleta

    Porque ninguém lhe disse da fundura
    a borboleta branca não tinha medo do mar

    Era para ela uma plantação de folhas verdes
    e ao pousar, a asa tenra se gela no toque da água
    e volta cansada como uma princesa

    A borboleta, ressentida do mar de março sem flores,
    sente a fina cintura gelar no crescente azul

    Ficha Técnica

    Especificações

    ISBN9788562226144
    SubtítuloPOESIA MODERNA DA CORÉIA
    Pré vendaNão
    Organizador para link
    Peso200g
    Livro disponível - pronta entregaSim
    Dimensões18 x 18 x 0.7
    IdiomaPortuguês
    Tipo itemLivro Nacional
    Número de páginas132
    Número da edição1ª EDIÇÃO - 1993
    Código Interno1114660
    Código de barras9788562226144
    AcabamentoBROCHURA
    EditoraFICÇOES
    Sob encomendaNão
    OrganizadorIM, YUN JUNG

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