Esta obra traz ao leitor ensaios publicados ao longo de algumas décadas, alinhados a tradição brasileira de 'pensamento social'. Entre os vários intelectuais e pensadores analisados por Castro Santos, a obra de Gilberto Freyre, um dos maiores nomes de nosso tempo, mereceu atenção especial. Além do escritor pernambucano, todos os demais autores tratados neste livro revelam uma preocupação com o Brasil, uma intenção de 'reinventar” um país, gerar uma nação, criar metáforas de transformação social, converter idiomas e, regionalismos a uma 'língua geral' de brasilidade. Nomes ilustres e obras hoje clássicas na tradição do pensamento social no Brasil passam pelo crivo do autor, sociólogo pertencente a geração que se voltou para grandes temas e cenários, sempre a cautelosa distância da excessiva especialização profissional dos dias atuais. Apesar da diversidade de perspectivas ou pontos de vista, os autores discutidos neste livro estão sempre a 'conjugar o futuro': a exemplo dos positivistas progressistas, como Pereira Barreto, ou dos agitadores das reformas na educação e saúde, como Azevedo Sodré, Arthur Neiva e Belisário Pena – esses últimos, figuras de destaque da Primeira República; por outro lado, em que pese a diversidade ainda maior de ideais e projetos, em autores como Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda, ou na contribuição destacada de Antonio Candido, há sempre a preocupação de reinventarmo-nos (como já se disse deles), em um sentido que se poderia chamar totalizador. Isto é, trata-se de entender o país, retratá-lo, discutir projetos e novos caminhos. Na agenda intelectual da atualidade, aquela intenção não deveria jamais ser perdida.