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    Sinopse

    O porto é o que resta da partida. Ele está aqui, mas de modo particular. É a plataforma a partir da qual se vislumbra o 
    outro lado
    , o outro mundo. Não se trata de lamentar a partida ou de relembrar o que se foi, o que se deixa. Mas de constatar o tempo e o espaço da experiência, a percepção de que a memória só se revela plenamente quando exposta ao esquecimento. Trata-se de datar a travessia, o interregno.



    — O outro mundo está sempre perdido. — O outro mundo está aqui. Ele está na ambivalência de uma segunda pessoa textual, de uma voz que 
    diz
    , mas que também é convocada (“Venha ver”), logo de início, para algo que já não se mostra. Aquilo que procuramos 
    nos encontra
    : o outro mundo vem a este como resto ou detrito de outra coisa.



    A escrita de 
    o porto
     é inquieta, mas delicada, sempre à beira da perda, mas nunca descuidada dos acontecimentos. Os textos se completam sem a preocupação em afirmar sua autonomia ou em cumprir um programa, narrativo ou reflexivo, assumindo integralmente a ambivalência de uma escrita aventurosa que se alimenta daquilo que resta, que se nutre do embate com o acabamento. “Toda luta é contra as formas.” Sua dicção está mais próxima do sussurro, que dispensa a escuta nítida.


    Na bela reflexão sobre o tempo e a memória (a partir da epígrafe de Pascal Quignard: “o que resta daquilo que passa é como o outro mundo do mundo”), o tempo reaparece na antiga metáfora da água corrente, da água que se forma das gotas e que atinge um imenso (mas nunca inerte) mar. Antes cristalizadas, a expectativa e a memória se movimentam, se dissolvem. Tudo “desmancha devagar para se tornar passado”.

    O atraso é um modo do tempo. O tempo que Leda Cartum afirma ter levado para escrever este texto, a necessidade da travessia em direção ao livro, é o tempo necessário para que a gota da experiência (que dispensa a memória) se aproxime da gota da escrita (miniatura do passado, “souvenirs”). A vida, de fato, é um puro depois, ao qual a escrita procura dar algum empuxo, salvando do amálgama seus diferentes tempos, que se atraem como gotas d’água.


    O passado como tal, o outrora, aquele “sem precedentes” embarcou numa nave e transformou-se em tempo. Ele reaparece, na capa de 
    o porto
    , na condição de um velho navio.



    Marcos Siscar

    Ficha Técnica

    Especificações

    ISBN9788573215069
    Pré vendaNão
    Biografia do autorLeda Cartum nasceu em São Paulo, em 1988. Publicou seu primeiro livro, As horas do dia – pequeno dicionário calendário (7Letras), em 2012. Trabalha com a escrita em diversas áreas, desde roteiro e dramaturgia até editoração e tradução. Hoje, conclui o mestrado a partir da obra do escritor francês Pascal Quignard. Este o porto foi feito durante quatro anos, num aprendizado da espera e da paciência como formas de criação.
    Peso166g
    Autor para link
    Livro disponível - pronta entregaSim
    Dimensões22.5 x 13.5 x 1
    IdiomaPortuguês
    Tipo itemLivro Nacional
    Número de páginas112
    Número da edição1ª EDIÇÃO - 2016
    Código Interno791334
    Código de barras9788573215069
    AcabamentoBROCHURA
    AutorCARTUM, LEDA
    EditoraILUMINURAS
    Sob encomendaNão

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