Em 1982, John Deely emitiu uma espécie de “nota promissória”, uma observação como que de passagem a respeito do capítulo conclusivo de seu livro Introducing Semiotic, sugerindo que seria possível estabelecer a distinção clássica entre sentido e intelecto por meio da análise do papel das relações na ação dos signos.
Um de seus colegas disse então que, se essa nota fosse cumprida, estaríamos diante do “primeiro ensaio que valeria a pena ler sobre o assunto desde os tempos de Locke e Hume”. Provocado, Deely decidiu romper com a tradição acadêmica de deixar notas promissórias sem cumprimento e deu pleno desenvolvimento à sua solução do problema, gerando o texto que veio depois a se tornar este livro.
A questão central deste estudo é se existe uma diferença de tipo qualitativo que separa o entendimento humano do “entendimento” ou inteligência das outras espécies animais, ou apenas uma diferença quantitativa de complexidade e grau. Deely responde a essa pergunta por meio de uma investigação semiótica “a respeito da atividade cognitiva dos organismos”, isto é, uma análise semiótica da sensação, da percepção e do entendimento. Ao fazê-lo, Deely ainda aborda o duradouro debate filosófico entre o realismo metafísico e o idealismo e resgata as ricas contribuições de João Poinsot (João de Santo Tomás) para o campo da semiótica.
Esta edição, que é a primeira deste livro no Brasil, conta ainda com um ensaio introdutório de fôlego do Prof. Robert Junqueira, do Instituto de Estudos Filosóficos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, a respeito das fontes latinas no trabalho de Deely.