O que é a filosofia? A esta questão respondia Heidegger, em 1955, com outra questão: O que é o ser? Em 1991, Deleuze respondia com uma frase de Nietzsche: é o poder de "criar conceitos", o qual seria um privilégio "europeu". Mas a que responde esta criação conceptual? Encontrará ela, algures, o que a alimenta e queima? Nesta obra, a pesquisa começa por explorar o primeiríssimo sentido da palavra filósofo, em Heraclito, e do termo filosofia no Górgias, de Platão. Mas como realizar a narrativa subjacente, a história violenta que são fonte e debate para a filosofia? Não é objectivo do autor passar em revista toda a imensidade de ideais que preenche a filosofia, mas sim encontrar nela a liberdade que procura dizer mais rápido, mais densamente que a narrativa. Esta tentativa da filosofia viaja por múltiplas línguas. Passa pela filosofia árabe do Andaluz e pela da China. A filosofia é mesmo esta viagem. Este movimento dos povos e das linguagens, dos nomes e das palavras, das narrações e dos conceitos -, estas metamorfoses do discurso, vêmo-los, hoje em dia, como um trabalho verdadeiramente oceânico, comparável ao "Das naus que navegaram do Ocidente" Camões, Os Lusíadas É a filosofia que nos arrasta nesta viagem do pensamento: ela é a própria viagem, enquanto percurso transformador. É a aprendizagem do movimento que torna possível qualquer transformação.