Este livro, visa à construção de um novo conceito de memória social. Alinhado à proposição de Gilles Deleuze e Félix Guattari de que o surgimento de novos problemas incita a invenção de novos conceitos, seus artigos reconhecem que alguns dos conceitos clássicos de seu campo de estudos, cuja elaboração se baseou na idéia de que a memória se erige segundo relações estáveis e fronteiras bem assentadas, devem ser repensados diante da instabilidade dos laços sociais e das mudanças políticas que ocorrem no mundo contemporâneo. A construção aqui pretendida não se realiza no interior de nenhuma disciplina específica, produzindo-se antes entre diferentes saberes, e entre saberes e práticas. Por isso, o conceito de memória social, abordado por pesquisadores oriundos de diversas áreas das ciências humanas e sociais - lingüística, filosofia, ciência da informação, antropologia, história, psicologia e sociologia -, recebe tratamento transdisciplinar, sendo decisivo frisar o ponto de interrogação que existe no título da coletânea e que se refere mais aos problemas sensibilizados e menos às soluções encontradas. Trata-se sobretudo de uma fecundação entre disciplinas, em que o trabalho se distancia de um consenso supostamente atingido pelo diálogo democrático entre saberes. Os dez artigos aqui reunidos buscam, portanto, delinear os atuais contornos da memória social. Sua principal novidade reside nos modos em que lhe dirige perguntas, levanta problemas, trilha potencialidades e cria um espaço entre, em decorrência do qual a memória pode se reinventar para além do que herdamos e do que é gestado em nós.