“O que faço com esse buraco?” é um livro que surgiu durante o processo de luto da autora Marilu Rodrigues. Ela perdeu seu marido João aos 36 anos. Assim, sem aviso prévio. A morte foi súbita, mas os questionamentos convivem com ela até hoje. Assim como a maioria de nós, Marilu foi uma criança que nunca ouviu falar muito sobre a morte, e por mais inacreditável que isso seja, cresceu sem pensar que isso pudesse acontecer em sua família. Pelo menos, não antes de ter filhos com o João e de envelhecerem juntos. Num grupo de apoio a viúvas, ela sentiu o sofrimento de outras mulheres que não sabiam o que responder aos filhos quando faziam perguntas sobre a morte de seus pais. Foi aí que Marilu teve essa ideia. O livro surgiu como forma de homenagear o João, mas também com o intuito de transformar sua dor em amor para outras famílias. Com isso na cabeça, ela procurou Kristina, uma ilustradora da qual era fã e que mora em Barcelona. Ao contar sua história para ela, a sintonia foi imediata, pois Kris também se interessava em produzir algo sobre o assunto. Kristina perdeu a mãe quando ainda era criança, e como ilustradora infantil, sente falta de mais livros que possam ajudar no processo de luto dos pequenos. Juntas, além de construírem uma linda amizade, produziram um livro doce que conta a história da família da Marilu. João e Marilu se transformaram em dois pinguins que têm dois pets: A Amélie (cachorra) e o Haroldo (gato). Juntos, eles vivem felizes para sempre, até que João morre repentinamente. Logo após a morte dele, Marilu percebe que está diferente, que agora tem um buraco no peito. Ao tentar procurar ajuda médica, repara que outras pessoas também têm um buraco, mas cada um de um jeito. Afinal, o luto nunca é igual para todos. E nessa consulta, ela descobre a única verdade que podemos afirmar sobre a morte: quem a gente ama nunca morre. A história dessa descoberta pode trazer um pouco de alívio e conforto às famílias em tempos de pandemia.