Na sua caminhada rumo ao que é hoje, o romance foi reunindo marcas de cada momento – da sociedade, da cultura, dos valores, da revolução, da ciência. Foi com um olhar atento a esses movimentos e ao impacto que tiveram no pensar, sentir e criar dos grandes escritores que Thais Rodegheri Manzano, professora de História da Literatura na FAAP (SP), construiu os dezoito ensaios que constituem este livro. Como pano de fundo está a ideia de que cada obra é, também, fruto de suas circunstâncias.
Pilares da literatura como Henry James, Thomas Mann, Virginia Woolf, Albert Camus, William Faulkner e Samuel Beckett são pontos de parada de sua viagem pela história do romance nos últimos 100 anos. A construção dos personagens, o papel do narrador, o pêndulo entre realidade e ficção e a influência do mundo concreto à volta dos escritores vêm à tona em obras-primas como A Taça de ouro (James), Orlando (Woolf), O som e a fúria (Faulkner), O leopardo (Lampedusa), Auto de fé (Canetti), A peste (Camus), Os Buddenbrook (Thomas Mann), a trilogia Molloy, Malone Morre e O inominável (Beckett), para citar apenas alguns dos textos analisados neste volume.
Na introdução, a autora – que há mais de 30 anos trabalha com o tema em seu dia a dia – conta a evolução do romance em sua história recente, desde o surgimento do Naturalismo, passando pela reação que se seguiu com a Decadência e o Simbolismo no Fin de Siècle europeu. Ali, no limiar do século XX, germinou o Modernismo, que virou do avesso os fundamentos do gênero romance.