Terceiro livro da nova coleção da Globinho das obras de Monteiro Lobato para crianças, O Saci foi um marco na literatura infantojuvenil brasileira. Foi por meio das histórias da figura enigmática de um duendezinho de uma perna só, o Saci, que Monteiro Lobato conseguiu a façanha de captar o imaginário da infância brasileira assim como já havia sido feito com contos de tantas outras culturas. Fadas, princesas e ogros são bem-vindos ao universo infantil assim como são os seres do folclore brasileiro e as aventuras no Sítio do Picapau Amarelo, onde as crianças podem se sentir identificadas com sua própria cultura e pensar o mundo com respeito à natureza e a seus seres.
No novo projeto da Globinho, tal como nos dois primeiros títulos lançados (Reinações de Narizinho e Caçadas de Pedrinho), a história original ganha as ilustrações de Eloar Guazzelli (Prêmio HQ 2015). Ziraldo, que assina o prefácio do livro, se diz fascinado pelo Saci, sendo essa a razão de transformá-lo no personagem principal da revista em quadrinhos que criou em 1960, a Perequê. “Saci, como todo mundo sabe, é uma espécie de duende negro que habita a floresta brasileira e o imaginário popular do Brasil inteiro”, afirma o cartunista.
A narrativa parte da curiosidade de Pedrinho, neto de Dona Benta, que costuma passar as férias no Sitio do Picapau Amarelo, a respeito de um ser da floresta que está sempre com um gorro vermelho e fumando cachimbo. Destemido, o garoto não tem medo de urutus, onças, vespas nem de cobras, mas descobre seu pavor de Saci. Porém, Pedrinho decide enfrentar seus medos e pede ajuda ao sabido Tio Barnabé, um negro de mais de oitenta anos que mora em um rancho coberto de sapé. Impressionado com as revelações de Barnabé sobre as travessuras do Saci, o menino passa a só pensar no duende e a enxergá-lo por toda a parte. Um dia, toma coragem e resolve pegar um.
De maneira surpreendente, o encontro com o Saci se torna muito mais do que a prova da coragem de Pedrinho, e se transforma em uma grande amizade permeada por conversas sobre a vida, ao lado de seres fantásticos do folclore brasileiro como o Curupira, o Caipora, o Boitatá, o Lobisomem, a Mula sem cabeça, a Cuca entre outros.