Integrei a assessoria do Min. Marco Aurélio Mendes de Farias Mello de junho de 2015 até julho de 2016, em Direito Penal e Processual Penal. Ao longo desse período, fui testemunha ocular da encarnação do bom Juiz, com jota maiúsculo. Divergências jurídicas sempre existirão. Mas conservar, após mais de 30 anos de jurisdição constitucional, inabaladas as convicções jurídicas e as visões de mundo, é virtude para poucos, somente para aqueles cujo agir e pensar sempre primaram pela ciência e consciência, pelo espírito público, traduzido no prazer, e na honra, de servir ao semelhante. Pois esse é o Ministro Marco Aurélio, que, durante mais de três décadas, não apenas integrou o Supremo Tribunal Federal, mas se casou com a judicatura constitucional, tendo como norte o respeito e o amor à Lei das Leis. A força de trabalho do Min. Marco Aurélio é descomunal. Ciente, e consciente, do seu mister, jamais se valeu de juízes auxiliares, sob o fundamento, absolutamente certeiro, de que o magistrado, no gabinete, é ele próprio. E, enquanto tal, lia, e lê, pessoalmente, com esferográfica, em geral, vermelha - mas a azul e a preta também eram eventualmente utilizadas -, todas as minutas de voto, atento não só ao Direito, mas ao vernáculo, pois o seu apreço ao bom português, escrito e falado, sempre foi uma marca registrada ? aliás, a passagem pelo gabinete do Min. Marco Aurélio incrementa, substancialmente, não apenas o cabedal jurídico, mas a escrita e a fala, alçando-as a um patamar de sofisticação e elegância invulgares.