Eis mais um livro de Gilvan Fogel! Ele nos convida a adentrar o pensamento que se constrói ao longo de seus textos e que carrega consigo o tema central que os abarca: O tempo que a vida é. Tal tema evidencia a maneira pela qual a vida vai se fazendo, constituindo-se, temporizando-se, forjando o modo de ser do humano em possibilidades que desde sempre lhe são abertas. É, neste sentido, uma retomada, que insiste em refazer-se, em recompor-se, fiando e desfiando, conforme nos indica o autor, esse crochê, a teia do destino que se tece e entretece perfazendo o que chamamos de história. Todos os seus livros, desde “A solidão perfeita” (1999), revelam essa disposição pela retomada, pela repetição, em que sempre está em jogo o introduzir-se na dimensão do aberto na qual sempre já nos encontramos. Por isso, o “mais um livro” significa que somos convidados novamente a tomar parte na força de um mesmo que atravessa seus trabalhos impondo-nos uma travessia a partir da qual vai se insinuando a necessidade de uma transmutação do espírito, numa época em que, como Heidegger afirmou em seu “Introdução à metafísica”, experimentamos um “desempoderamento do espírito”, quer dizer, sua transformação em inteligência, isto é, num pensamento meramente calculador e controlador da realidade. Affonso Henrique Vieira da Costa – Programa de Pós-graduação em Filosofia da UFRRJ.