Se Rainer Maria Rilke é o mais importante poeta alemão do início do século XX, e se as Elegias de Duíno são a sua obra mais realizada, então O testamento (152 pp.) tem uma relevância particular. Pois se trata de um texto escrito por Rilke no contexto da criação das Elegias – ou melhor, no contexto das dificuldades de concluí-las (apesar das condições aparentemente ideais de seu isolamento no castelo de Berg, na Suíça, entre 1920 e 1921). O testamento é, assim, um relato bastante pessoal do poeta sobre sua arte, sobre si mesmo e sobre sua época. E ganha ainda maior importância histórica por ter vindo a público apenas na década de 1970. A presente edição, não por acaso, é particularmente bem-cuidada. Inclui a reprodução fac-similar do manuscrito de Rilke, lado a lado com a tradução direta do alemão, a cargo de Tercio Redondo, doutor em Literatura Alemã pela USP (que também responde pelas notas), enquanto o prefácio é de Helmut Galle, doutor em Literatura Alemã Contemporânea pela Universidade Livre de Berlim.