O TRÁGICO NOS MUSEUS PERSPECTIVAS SOBRE COLECIONISMO, MEMÓRIA E MORTE

Muitos museus promovem desrecalques tornando-se espaços de instauração ou recordação das percepções sobre a morte (física ou simbólica) e seus rituais. É no bojo dessas transformações que este livro se torna metonímia do estado da arte sobre as intersecções entre museu, memória e morte, reunindo um conjunto de pesquisadores de diversas áreas do conhecimento que, nos últimos anos, tem se debruçado sobre a faceta trágica nas exposições museológicas. Os textos abordam a musealização de objetos, coleções ou experiências que contribuem para a problematização do consumo do trágico nos museus que mantiveram em seus acervos vestígios que transitam entre memórias, sonhos e embriaguez: “objetos do mal”, “sensíveis” (in)animados ou “necrófilos”. Também suas ausências, marginalizações, repulsas e interdições a partir de estratégias de agenciamento e fabricação de legados nas tramas de uma economia de símbolos nos museus com base nas trajetórias e transformações desses artefatos. Musealização de restos humanos, pinturas sobre o morrer, a “morte” de relacionamentos e a “morte” dos museus são algumas das abordagens evidenciadas pelos autores e autoras dos capítulos. Se considerarmos a provocação de Walter Benjamin de que nunca há um documento da cultura que não seja, ao mesmo tempo, um documento da barbárie, reconhecendo nosso tempo como marcado por uma avassaladora presença do trágico, as reflexões aqui reunidas tencionam, de algum modo, escovar os museus e a Museologia a contrapelo.