Com a palavra, Jotabê Medeiros:
“Em 1965, durante nove dias e nove noites, viajamos em cima de dois caminhões de sal do cariri paraibano rumo ao chamado Norte Novíssimo do Paraná. Metade cloreto de sódio, metade olhos e dentes. Éramos 12 crianças e adolescentes.
Logo nos tornamos 15 e hoje já contamos 20 de nós, além de 45 netos, 23 bisnetos, dois trinetos. A família, que se estabeleceu inicialmente em Cianorte (PR), segue crescendo e espalhou-se pelo mundo. Com o tempo, fomos vistos alistando-nos na Legião Estrangeira, ensinando português na cidade japonesa onde viveu Bashô, dividindo apartamento em um prédio invadido em Madri, tomando vinho com críticos de jazz no Carnegie Hall.
O centro nevrálgico, existencial, e a baliza psicológica dessa comunidade continua sendo, ainda hoje, um homem de 104 anos que a vida toda usou chapéu de feltro, botinas de Li’l Abner, roupa de linho, com um passado nebuloso e gestos duros, seco como Lee Van Cleef e autoconfiante como Oscar Niemeyer: meu pai, o protagonista da história”.
Mais do que mero ensaio biográfico, O Último Pau de Arara é uma história verídica com ganas de ficção que retrata um Brasil profundo, pouco visto ou lido. Uma história de gente que povoa sertões – da Paraíba ou do Paraná – com sonhos e pequenezas, alegrias e temores.
Uma história que mereceu um tratamento especial: O Último Pau de Arara foi publicado em uma edição artesanal, com cópias limitadas e numeradas, capa impressa em serigrafia sobre lona de caminhão e ilustrações originais em xilogravura feitas por Luis Matuto e impressas diretamente em cada exemplar.