Os livros são eternos. Este livro é o livro do VER. Ele marca, anuncia, celebra os dez anos do Laboratório Ver – Visibilidades do Corpo e da Cultura de Movimento, vinculado ao Grupo de Pesquisa Estesia – corpo, fenomenologia e movimento, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O texto busca ser um relato não exaustivo dessa nossa aventura epistemológica, estética, educativa e estesiológica que começou em 2010 e que se deseja longa, fértil e criativa por outros tantos belos e longos anos: para sempre, como diria Borges!
Os diferentes textos que integram este livro são advindos de nossos projetos construídos em relações de conhecimento e de afeto. Assim, sob o signo sincrônico do prosaico e do poético, do real e do imaginário, da dor e da alegria, do medo e do desejo, do desamparo e da reparação, seguimos por caminhos, cenários e imagens do corpo em movimento no cinema, na body art, na dança, nas artes marciais, no corpo, para aprender com filósofos, artistas, professores e outros profissionais a olhar e a ver o mundo. Penso em Fernando Pessoa, na poesia de seu heterônimo Alberto Caeiro, que nos ensina a “olhar devagar para as cousas”. O poeta nos “mostra como as pedras são engraçadas quando a gente as tem na mão e olha devagar para elas (...)”. Damo-nos tão bem um com o outro. Na companhia de tudo - objetos, seres animados e inanimados, conceitos, sensações, sentimentos, sentidos - e buscamos estabelecer um acordo íntimo entre o olhar e o ver. O poeta nos mostra uma fenomenologia sem fenômento, uma linguagem indireta que também encontramos na ontologia de Merleau-Ponty, nosso filósofo, professor e mestre a pensar, capitão do nosso barco estesiológico, argonauta de nossa sensibilidade.