"Ficção e realidade unem-se nesse livro, em doses certas, resultando em uma coletânea de contos e crônicas que nos remetem a uma época em que o Rio de Janeiro ainda podia ser chamado de Cidade Maravilhosa. Ao mesmo tempo, de maneira bem humorada, vemos uma notável invenção como o telefone celular causar uma confusão entre dois amigos, a ponto de abalar seriamente essa amizade. ""O autor demonstra sua paixão pelo futebol em crônicas deliciosas, reunindo jogadores do passado e as peladas de rua. Paixão essa que surge, também, no relato do que seria sua primeira experiência amorosa, sutilmente sexy, fosse isso possível a um garoto de sete anos. ""O drama não poderia estar ausente e o encontramos nos fatos relacionados ao Rio de hoje, com sua violência, seus transtornos e suas angústias, na procura pela solução de seus numerosos problemas. O mesmo drama, ainda mais profundo, será visto nos contos e crônicas ligados à experiência do autor em Huambo, Angola, onde esteve, como integrante da Força de Paz da ONU, quando conheceu, de muito perto, os horrores de uma guerra. Ou ainda, nos relatos dos três anos vividos na Amazônia, onde o autor participou, como Oficial Médico, das operações de assistência à população ribeirinha e aos índios tikunas, a bordo de um dos navios da esperança, da Marinha. ""O sonho e o romance aparecem em vários momentos do livro, como, por exemplo, na crônica vencedora do Concurso Literário promovido pela Academia Baiana de Medicina, no ano de seu Jubileu de Ouro, com o sugestivo título "O Morro, o Mar e o Vento". Em um outro momento, o autor descreve sua emoção ao ver as filhas respondendo a um caderno de perguntas, tão comum há algumas décadas, e se dá conta de que o tempo e os filhos passam, extremamente rápidos. "Em resumo, Um Olhar para o Nunca, certamente, prenderá a atenção do leitor pela maneira simples, direta, sem jamais perder a sensibilidade, com que foi escrito, mostrando a realidade, sempre muito bem acompanhada pelo sonho.