Um dos principais ensaios políticos do século xx, O ópio dos intelectuais é também uma das mais vigorosas críticas já feitas ao marxismo e aos mitos da esquerda. Desde que foi publicado, em 1955, no auge da Guerra Fria e da influência do Partido Comunista sobre a intelligentsia ocidental, o livro tem sido acompanhado de intensos debates e polêmicas. O fim da União Soviética e a crise do projeto comunista não reduziram a sua importância. Ao contrário, deixaram ver o que trazia de mais luminoso: sua defesa da razão, da democracia e da liberdade contra a idolatria política e o autoritarismo. A argumentação corajosa do filósofo Raymond Aron tem três alvos: as representações políticas da esquerda – como a revolução e o proletariado –, a visão marxista-leninista da história – com sua expectativa de um mundo sem classes – e os intelectuais que traem sua vocação para a crítica e a busca da verdade, tornando-se missionários de uma doutrina. Para Marx, a religião era o ópio do povo. Para Aron, 'o comunismo é a primeira religião de intelectuais a ser bem-sucedida'.