Com a experiência de quem trabalhou tanto na IBM ("onde a Ordem é um hábito mental indispensável para se fazer carreira") quanto no mundo do espetáculo e da literatura ("onde a Desordem é um pressuposto para se ter sucesso"), Luciano De Crescenzo dedica seu novo livro, Ordem e desordem, ao estudo desses dois conceitos. Segundo o autor, ambos têm vantagens e desvantagens, e estão presentes em absolutamente tudo: nas pessoas, instituições, situações, ciências, artes etc. Para demonstrar sua teoria, De Crescenzo conta uma série de histórias interessantes, com as quais se aprende muito mais do que o que o tema do livro se propõe a ensinar. Há passagens curiosas da vida do próprio autor, deliciosos "causos" do dia-a-dia italiano e trechos de pura ficção, tudo misturado com muita inspiração, de modo a oferecer uma leitura leve e saborosa, ainda que repleta de profundos questionamentos filosóficos. De Crescenzo instiga o leitor a observar o mundo sem o filtro das idéias preconcebidas. Por isso, há muito de filosofia no seu texto. Com habilidade, ele aproxima do cotidiano o pensamento de Heráclito, Platão e Nietzsche, sempre de forma bem-humorada. Como no capítulo em que ele simula um diálogo inusitado entre ele e Sócrates. Aqui e ali, o autor cita diversas frases que ajudam a explicar sua teoria, como esta do pensador J. Leonard: "O homem passa a primeira metade da vida arruinando a própria saúde, a segunda, a cuidar dela." A ordem e a desordem têm, cada uma, o seu momento de glória na nossa vida.