O escritor suíço se muda com a mulher, a mobília e o papagaio para a Irlanda, e é no país que escolheu como refúgio que é abandonado. Um homem deixado por sua mulher não fica bem diante do espelho, pensa, enquanto vê desmoronar o cotidiano e o futuro. O passado é uma foto de casamento que ele por fim queima, mas a ferida permanece aberta em seu peito. É num estado de dormência que o escritor se depara com Niamh, uma irlandesa sexagenária que o convida a visitá-la e faz dele o cronista de sua história. Niamh o resgata e o carrega consigo na viagem de volta à numerosa família, à amiga alemã, à triste história de um amor perdido, ao seu segredo mais íntimo. As palavras que vem dela são depois escritas por ele, em seu escritório tomado pelas abelhas. Um encontro casual que se torna de reconciliação interna. O leitor brasileiro já foi apresentado à poderosa narrativa do suíço Hansjörg Schertenleib, no premiado OS INOMINÁVEIS, que a Grua Livros publicou em 2008. Em A ORQUESTRA DA CHUVA, o autor a faz um elogio à delicadeza, à paisagem, aos caminhos e ao povo da Irlanda, país que tem como segunda moradia. A grande literatura não depende dos grandes gestos. Pode estar na maneira em que alguém se desfaz de uma aliança, no arrastar de uma baleia morta, no som da chuva sobre copos, taças, vidros de geleia.