Por entendermos que, durante décadas, se fez vincar um “Paradigma Histórico”, que se esforçou por retirar Angola da narrativa, tornada oficial, sobre os apoios determinantes prestados à luta dos sul-africanos e namibianos, bem como sobre o derrube de um sistema político e social dos mais hediondos que o mundo e África conheceram, confrontando a realidade e os factos, fazendo recurso a uma analogia científica, consideramos as incongruências existentes entre a realidade histórica e a versão defendida pelo referido paradigma como “Obstáculo Epistemológico”.
O Ensaio começa por fazer uma ilustração dos mecanismos de construção de ícones na era contemporânea, seguida de uma breve retrospectiva histórica sobre a transformação do continente africano em palco de confrontação ideológica, e a busca da reafirmação da personalidade endógena por parte dos africanos, apresentando também uma síntese biográfica de Mandela, combinada com uma análise crítica sobre as diversas envolvências e articulações na relação entre os movimentos internos sul-africanos com as forças do Apartheid, culminando na demonstração do sacrifício consentido pelo povo angolano, tendo como base a incontestável Batalha do Cuito Cuanavale, os acontecimentos decisivos no Triângulo do Tumpo enquanto factores determinantes para a implementação da Resolução 435/78 do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, assim como a assinatura do Acordo de Nova Iorque de Dezembro de 1988.