O mito dos vampiros é recriado no romance Os antiquários, do escritor argentino Pablo de Santis (Prêmio Planeta-Casamérica, 2007, e Konex de Platino, 2004). Nele, seres melancólicos, que habitam espaços repletos de nostalgia e rodeados por objetos do passado, vivem reclusos. Os personagens, obcecados por manter seus segredos, não suportam mudanças nem o presente; são, antes, colecionadores. E têm a constante sede de sangue, que chamam de sede primordial. Tentam controlar seus impulsos, por meio do consumo de um elixir que sacia a voracidade, mas, uma vez ameaçados, voltam a atacar. Na Buenos Aires dos anos 1950, um jovem provinciano chamado Santiago Lebrón começa a trabalhar quase por acaso na seção de temas esotéricos de um jornal e, da noite para o dia, se transforma em informante do Ministério do Oculto, órgão oficial encarregado de investigar tais assuntos e descobrir o que há de verdade neles. Apesar de seu ceticismo em relação a tudo o que seja sobrenatural e também aos propósitos do ministério, Santiago vai a um encontro de especialistas em superstições, onde entrará em contato com os antiquários, extraordinários seres da noite que vivem cercados por objetos do passado e são vítimas de uma sede imortal. Envolto num ambiente fantástico e de nuances góticos da capital portenha, Lebrón se envolve com os estranhos seres. Primeiro, acompanha a captura de um antiquário; depois, traído pelo amor de uma jovem que lhe é inacessível, acaba por se unir a eles e a padecer da mesma sede.