Os herdeiros é o segundo romance do vencedor do Prêmio Nobel William Golding. Escrito logo depois de Senhor das Moscas, é, nas palavras do próprio autor, o seu livro preferido. Nele, Golding faz o leitor abandonar as suas certezas para mergulhar em um mundo esquecido, nas próprias origens da humanidade, e se deparar com um povo novo, recriado com maestria por uma linguagem original e poética, em que os sons, os cheiros e as imagens ganham uma nova dimensão descritiva. No livro, o autor retrocede até as origens da humanidade para falar da perda da inocência e do mal essencial que se esconde nos recantos mais remotos da alma. Assim como Senhor das Moscas, Os herdeiros trata do choque entre a pureza e a selvageria, tendo como cenário uma floresta aparentemente paradisíaca. Mas, em vez de entrar na pele de crianças perdidas numa ilha, Golding dá voz ao homem de Neandertal, com sua cultura primitiva, seu sistema de comunicação e seus medos, e o inevitável conflito que se dará quando ele, por acidente, se deparar com a espécie muito mais avançada - e violenta - do Homo sapiens. Aos poucos, o leitor enxerga o mundo mágico e misterioso através dos olhos de Lok, um dos remanescentes de um grupo de Neandertais que, com o fim do inverno, migra de uma região costeira para terrenos mais altos no meio da floresta. Mas a realidade de Lok está mudando. Mal, o patriarca, não tem mais a mesma força nem a mesma visão. E o terreno, que eles sempre conheceram tão bem, será radicalmente alterado pela presença dos novos visitantes, que se insinuam muito lentamente, fazendo crescer a curiosidade e o temor de Lok - e, em consequência, do leitor também.