À MEDIDA QUE A TECNOLOGIA AVANÇA, O QUE AS PESSOAS FARÃO MELHOR DO QUE OS COMPUTADORES?
Que esperança nos restará quando os computadores puderem dirigir carros melhor do que os seres humanos, prever as decisões da Suprema Corte melhor do que os especialistas jurídicos, identificar rostos, percorrer prestativamente os corredores de escritórios e fábricas, e até mesmo realizar algumas cirurgias, tudo isso de forma mais rápida, mais confiável e menos dispendiosa do que as pessoas? É fácil imaginar um cenário de pesadelo em que os computadores simplesmente assumem a maioria das tarefas que as pessoas atualmente são pagas para executar. Embora ainda precisemos de gente que tome decisões de alto nível e de desenvolvedores de computadores, essas atividades não manterão empregada a maioria dos trabalhadores em idade ativa e nem permitirão que o seu padrão de vida aumente.
A pergunta inevitável – será que milhões de pessoas perderão seus empregos, incapazes de superar a máquina? – está cada vez mais presente nos negócios, na educação, na economia e na política.
O autor do best-seller Desafiando o Talento (Talent is Overrated) explica como as habilidades valorizadas pela economia estão mudando em termos históricos. As habilidades essenciais para o nosso sucesso não serão mais as habilidades técnicas do lado esquerdo do cérebro, ensinadas em sala de aula, que o progresso econômico exigia dos trabalhadores no passado. Na verdade, nossa maior vantagem está naquilo que nós, seres humanos, somos mais fortemente estimulados a fazer uns pelos outros e com os outros, decorrente de nossas habilidades mais profundas e essencialmente humanas – empatia, criatividade, sensibilidade social, contar histórias, humor, desenvolver relacionamentos e nos exprimir com um poder maior do que a lógica jamais conseguiria. É assim que criaremos um valor durável não facilmente copiado pela tecnologia – pois somos programados para desejar que isso venha de seres humanos. Essas habilidades de alto valor criam uma enorme vantagem competitiva – clientes mais leais, culturas mais fortes, ideias inovadoras e equipes mais eficazes. E embora muitas pessoas considerem tais capacidades como características inatas – “ele é naturalmente sociável e gentil com as pessoas, conhecidas ou não”, “ela é inerentemente criativa” –, acontece que todas essas habilidades podem ser desenvolvidas. Elas já vêm sendo desenvolvidas em diversas organizações visionárias como, por exemplo: • A Clínica Cleveland, que enfatiza o treinamento da empatia dos médicos e de todos os funcionários para melhorar os efeitos sobre os pacientes e diminuir os custos médicos. • O Exército dos EUA, que revolucionou seu treinamento ao se concentrar na interação humana, gerando equipes mais fortes e de maior sucesso nas missões da vida real. • A Stanford Business School, que reformulou seu currículo para ensinar habilidades interpessoais por meio de experiências de contato direto com outros seres humanos. Enquanto a tecnologia avança, não devemos nos concentrar em superar os computadores naquilo que eles fazem – nós perderemos essa competição. Em vez disso, precisamos desenvolver nossas habilidades humanas mais essenciais e ensinar aos nossos filhos a valorizar não apenas a tecnologia, mas também a riqueza da experiência interpessoal. Eles vão ser as pessoas mais valiosas em nosso mundo por causa disso. Colvin demonstra que já possuímos o necessário para obter sucesso profissional, em um grau muito acima do que a maioria das pessoas imagina.