Neste livro, o autor, de forma lúdica e poética, relata as experiências da sua primeira idade numa cidadezinha situada nos confins do sertão paraibano, uma região inóspita, de sol a pino, numa das partes mais castigadas pela seca. Nascer ali, nos anos sessenta, era estar sujeito às lambidas da fome e do analfabetismo, provocados pela estiagem e pela falta de políticas públicas decentes que incorporassem àquele povo valente e forte os direitos básicos da cidadania. Trata-se de uma história de perseverança, resiliência e fé, a saga de um menino que ousou acreditar em si, atirar-se contra um sistema reprodutor da miséria fabricada ou consentida pelos poderes públicos, a engrenagem de um sistema cruel e desumano, ainda hoje perpetrada em diversas nuances e configurações ali renovadas.
O primeiro capítulo do livro é uma carta que o autor, hoje, escreve para o menino de seis anos, a sua manhã. O último capítulo é a resposta da manhã para o homem que o autor é hoje. Entre a manhã e o poente, histórias reais, curtas, pungentes ou singelas, algumas fotografias de vida bem guardadas que ficaram perdidas pelos labirintos de um tempo nu que agora resgata as suas lembranças e verdades.
Este livro contém verdades. As verdades sertanejas são cruas, duras, poemas e macambiras — tísicas e ternas; canafístulas; são líricas, tudo junto é riacho de prosa, leito cheio de esperanças, margens subidas nos pés de juá, lua branquinha, mussambê, flor de pereiro verde, terra seca e, se quiserem, mil metros de raízes enterradas pelo céu adentro. ”Tudo neste livro é poético, mas este livro não é de poesia, mas é de sertão!